No Dia Nacional do Samba, celebrado nesta terça-feira (2), nomes tradicionais e novos talentos reforçaram a vitalidade, diversidade e renovação do gênero. Neguinho da Beija-Flor, Dudu Nobre, Tiee, o grupo Samba Que Elas Querem e Dudu, filho de Zeca Pagodinho, compartilharam suas memórias, influências e expectativas, mostrando por que o samba segue pulsando de forma tão viva no país.
Aos 76 anos, Neguinho da Beija-Flor ainda se emociona ao lembrar do desfile que marcou sua despedida como intérprete oficial da escola, após cinco décadas de trajetória. “Vem um filme inteiro na cabeça, mas, sinceramente, o que fala mais alto hoje é o meu último desfile de 2025. Foi um misto de alegria, saudade, orgulho e medo”, recorda. A reação do público na curva do Setor 1 o marcou profundamente. “Ali eu pensei: ‘É… realmente chegou a hora’. Cinquenta anos de história num último grito, num último ‘Olha a Beija-Flor aí, gente!’”.
O sambista destaca ainda os ensinamentos do samba-enredo: “O samba-enredo ensina uma coisa que, às vezes, o pessoal das rodas esquece: disciplina, responsabilidade e entrega. Não é só cantar bonito. É cantar certo, no tempo certo, na tonalidade que o carnaval pede… Samba é união, é todo mundo junto”.
Dudu Nobre, que acaba de lançar o single “Não Quero Esse Tititi”, reforça o sentimento de pertencimento trazido pela data. “O samba é a minha vida. O samba é o meu ofício, a minha forma de comunicar com o mundo”, diz ele, citando influências como Beto Sem Braço, Almir Guineto, Arlindo Cruz, Zeca Pagodinho e Martinho da Vila.
Da nova geração, Tiee afirma que o gênero faz parte de sua formação desde a infância. “O samba representa tudo para mim. Ouvia muito samba com meu pai e fui a muitos pagodes com ele. Foi assim que aprendi a respeitar o samba como uma voz única da rua, do nosso povo”. Ele destaca ainda a importância dos novos nomes para manter viva a tradição: “A gente usa os heróis como bússola, mas pensa na continuidade”.
Nesta terça, Tiee lança a performance ao vivo de “Meus Heróis” enquanto se prepara para comandar mais uma edição do projeto “Subúrbio”, com participação de Leci Brandão.
Leci também estará presente no primeiro álbum do grupo Samba Que Elas Querem, composto por oito mulheres e com lançamento marcado para sexta-feira (5). Para Bárbara Guimarães, o samba é também um espaço de memórias femininas fundamentais. “O samba nos ensina, nos acolhe e nos enche de esperança. Ele nasce no quintal de uma mulher, Tia Ciata. Nesse dia, fazemos questão de reverenciar Clementina de Jesus, Jovelina Pérola Negra, Leci Brandão, Beth Carvalho, Dona Ivone Lara, Clara Nunes e tantas outras”.
Apesar das conquistas, Bárbara reconhece os desafios: “O Samba Que Elas Querem só conseguiu gravar seu primeiro disco agora, em 2025, graças a uma campanha de financiamento coletivo, mas o grupo existe desde 2017. Enfrentamos o machismo que ainda atravessa fortemente o ambiente do samba”. Mesmo assim, ela celebra o avanço: “A cada semana surgem novos grupos de samba formados por mulheres… Isso é a realização de um sonho”.










